quarta-feira, 28 de abril de 2010

Ad1 de Educação Infantil 1 - 2° semestre de 2009

QUESTÕES




Questão 1: Valor : 2,0 pontos



No texto “Infâncias e crianças: O que nós adultos sabemos sobre elas?” (Delgado, 2003), a autora traz o estudo das concepções de infância ao longo dos tempos, bem como propõe o rompimento das representações hegemônicas que desconsideram o que as crianças têm em comum e o que as distinguem uma das outras.

Tendo como referência o texto da autora, escreva esta trajetória e os referenciais de análise que justificam o lugar que as crianças ocupam na sociedade.





Questão 2: Valor : 2,0 pontos



A concepção de infância vem nos últimos anos se modificando e promovendo um olhar diferenciado para esta fase da vida, principalmente no contexto educacional. Esse novo olhar se deve as novas formas de compreender a criança em suas relações com o mundo e com os sujeitos a sua volta.

Tendo o texto de Ana Cristina Delgado (“Infâncias e crianças: O que nós adultos sabemos sobre elas”), o texto de Kuhlmann Jr. (“História da educação infantil brasileira”) e o texto de Sônia Kramer (“A infância e sua singularidade”) como referências, descreva os principais processos que levaram a esta mudança de concepção da infância, explicitando esta atual concepção.





Questão 3: Valor : 2,0 pontos



O texto de Ana Cristina C. Delgado escrito em 2003, “Infâncias e crianças: O que nós adultos sabemos sobre elas” e os artigos de Tania M.C. Nhary, intitulados “Memórias do brincar: (re)significação de práticas pedagógicas lúdicas” e “O jogo como prática pedagógica para professores em formação” dos anos de 2008 e 2007, respectivamente, provocam uma auto-avaliação sobre as experiências da nossa própria infância. O primeiro apontando os diferentes contextos vividos nesta fase da vida e as marcas deixadas, enquanto o segundo, mais focado numa proposta de resgate das memórias lúdicas da infância, destaca as experiências do corpo em atividades de jogos e brincadeiras infantis. Tais trabalhos possibilitam uma reflexão sobre nossas ações enquanto docentes. Diante disso, faça um comentário descrevendo suas reflexões a respeito das temáticas tratadas nos textos, fazendo uma relação direta aos seus atuais e/ou futuros fazeres docentes.



Questão 4: Valor : 2,0 pontos



Moysés Kulmann Jr. escreveu o texto “História da educação infantil brasileira”, à ocasião em que se comemoravam os “500 anos de descobrimento do Brasil”, que nos permite uma compreensão histórica das concepções de infância em nosso país. Com base neste texto, e sem a intenção de apontar uma linearidade, descreva este conjunto de acontecimentos, concepções, idéias e, sobretudo embates que envolveram diferentes contextos sócio-histórico-culturais e que perpassaram a educação da infância brasileira.
Respostas das questões da Ad1 de Educação Infantil




Resposta N°1:

Com base nos estudos feitos por Delgado (2003), podemos concluir que várias concepções de infância se formaram ao longo da história da humanidade. As crianças sempre existiram, e foram vistas de diversas maneiras. Na antiguidade eram consideradas seres inferiores e dependentes. Alguns registros demonstram que na Idade Média elas eram consideradas “adultos em miniatura”. A partir da formação das cidades, dos estados nacionais, inicia-se uma distinção das crianças em relação aos adultos, e sua educação se torna de responsabilidade de suas mães e mestres. Naquela época já existia uma diferença em ser uma criança de família camponesa ou de uma família burguesa, revelava-se aí as diferenças sociais.

Devido à situação de abandono das crianças nas ruas da cidade do Rio de Janeiro, nos séculos XIX e XX, houve uma preocupação com a necessidade de instrução e ampliação da escola de massas para atendimento desta clientela. Começa a surgir o sentimento de infância, mas o seu processo de valorização pela sociedade será uma etapa longa.

Em relação ao lugar que as crianças ocupam na sociedade percebemos que com o passar dos tempos houve uma diferenciação das crianças em relação ao dado biológico, mas na realidade elas vivem de diversas maneiras em relação às condições sociais, culturais e econômicas, onde em sua grande maioria, não há respeito a sua infância. Exemplos disso são questões como classe, raça, gênero e subordinações de idade.

O que acontece também, é que a visão que se tem sobre a infância e sobre as crianças é sempre construída por adultos, sobre elas e não a partir delas. E isso acaba desconsiderando que elas são diferentes de acordo com as transformações da sociedade em diversos tempos e espaços. Ou seja, para reconhecer seu lugar na sociedade, é necessário considerar as condições sociais em que as crianças vivem, as pessoas com que elas interagem e o sentido de suas produções.

Assim estaremos desfazendo nossas visões estereotipadas do que é a infância e do que é ser criança, ou seja, elas são diferentes uma das outras em relação às formas de socialização, no tempo de escolarização, nos trabalhos, nos tipos de brincadeiras, nos gostos, nas vestimentas, etc. Elas são seres únicos em seu modo de ser e estar no mundo.



Resposta N°2:

Dentre os principais processos que levaram a mudança de concepção da infância podemos descrever as contribuições da história e da sociologia da infância onde ocorreu um longo processo histórico até a sociedade valorizar a infância (Delgado.,2003).

As crianças, até então, eram tratadas como adultos sem um tratamento diferenciado, passou várias etapas históricas até se ter um reconhecimento da infância e a surgir a preocupação da necessidade de atendimento e que respeitasse suas peculiaridades.

De acordo com Kuhlmann (2000), no Brasil, no período de 1900, houve várias transformações na educação infantil. Durante o regime militar que inicia esta fase com marcos de consolidações, principalmente na Constituição de 1988 e logo após na Lei de Diretrizes e Bases de 1996. Ou seja, começa a haver um reconhecimento da necessidade de creches e pré-escolas para atender crianças de 0 a 6 anos. Nesse período, a preocupação que se tinha no atendimento às crianças era totalmente paternalista, com uma visão assistencialista.

É claro, que os estudos de vários pensadores, como Froebel, em diversas partes do mundo, também contribuíram e influenciaram ações e formas de pensar que mudassem a visão de educação na infância.

Já com base em Kramer (2000/2003) podemos destacar que ao longo do século XX, houve um crescimento no esforço pelo conhecimento da criança, em vários campos do conhecimento. E a noção de infância surge com a sociedade capitalista, urbano-industrial, onde estava havendo uma mudança na inserção e no papel social da criança na sua comunidade.

No contexto histórico e social da modernidade, com a redução dos índices de mortalidade infantil, o avanço da ciência, mudanças econômicas e sociais a idéia de infância foi ganhando espaço para discussão.

Acredita-se que o fator que influenciou esta mudança de concepção da infância foi a mudança no modo de ver a criança, ou seja, suas necessidades e suas possibilidades. Ela que é um ser dinâmico começa a ser vista como ativa e não mais passiva; como criança com diversas fases de desenvolvimento e não como um adulto em miniatura.

Nas sociedades desiguais elas atuam de diferentes formas e desempenham diversos papéis. Hoje, é possível reconhecer o que é específico da infância: seu poder de imaginação, a fantasia, a criação, a brincadeira entendida como experiência de cultura (Kramer., 2000/2003).

Os estudos apontam eixos que orientam outra maneira de ver a crianças: Elas fazem história a partir dos restos da história; Atuam sobre os objetos e os libertam de sua obrigação de serem úteis; Percebem a realidade de outra maneira; E fazem parte do grupo do qual suas brincadeiras expressam esse pertencimento.



Resposta N°3:

Para nós, educadores, é importantíssimo conceber a infância das crianças como fase de construção histórica, reconhecendo as diferenças que existem entre elas em relação aos aspectos culturais, sociais, biológicos, econômicos e sociais.


Partindo das considerações da própria infância de cada educador é possível compreender as atitudes e comportamentos que as crianças podem demonstrar. Fazer isso significa demonstrar um sentimento de respeito e reflexão constante de como agir e que olhar ter frente as crianças desta nova geração, como também, os significados que atribuímos a elas.

Quando há esse olhar diferenciado para a infância, há um reconhecimento do valor das brincadeiras, do real significado dos jogos, da importância das diversas interações e do papel do lúdico para a formação humana.

O educador deve adotar propostas que possam democratizar, humanizar e diversificar sua prática pedagógica, fazendo um trabalho que incorpore as dimensões afetivas, cognitivas e socioculturais dos alunos em diversas atividades.

Mas o grande desafio para os educadores continua sendo o de mudar a visão preconceituosa, dentro das instituições, tanto a sua como a de seus companheiros, de que os jogos são momentos isolados de brincadeira. O ato de jogar envolve alegria e tensão, mas também envolve ordem, desordem, interações e reorganizações (Edgar Morim, 1996 apud Nhary, 2008), ou seja, como ocorre nos processos de aprendizagem é necessário haver momentos de equilíbrio e desequilíbrio, para acontecer a assimilação e acomodação, assim ocorre a aprendizagem.

É papel do educador consciente, levar para a comunidade escolar a função significativa dos jogos e criar em sua prática momentos prazerosos de ensino-aprendizagem onde o jogo, a brincadeira, o lúdico terão papel crucial que envolverá emoções, valores, subjetividade e comportamentos imbricados no próprio processo formativo, contribuindo assim para o desenvolvimento afetivo, cognitivo, psicomotor, social e cultural da criança na escola. E para isso, é preciso por parte dos educadores constante crítica e reflexão em relação ao seu uso.



Resposta N°4:

Moysés Kulmann Jr.(2000) aponta um conjunto de acontecimentos, concepções, idéias e, sobretudo embates que envolveram diferentes contextos sócio-histórico-culturais e que perpassaram a educação da infância brasileira. Dentre eles descreverei os principais logo abaixo.

No período de 1900, a educação infantil brasileira vive intensas transformações. E durante o regime militar ocorrem as definições da Constituição de 1988 e Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996. A legislação nacional passa a reconhecer que as creches e pré-escolas, para crianças de 0 a 6 anos, são parte do sistema educacional, primeira etapa da educação básica.

A partir de então, ocorreram algumas ações, em grupos ou isolados, em relação à educação infantil no país. No estado de São Paulo, a Secretaria Municipal de Educação, Guiomar Namo de Mello, publicou um número especial da revista Escola Municipal a carta que anunciava a “vontade política de construir uma pré-escola pública, gratuita e comprometida com as necessidades das crianças das classes populares, contexto deste novo momento político e econômico.

Ainda no período do Império, no jornal do médico Carlos Costa, A Mãi de Familia, e também referida no processo de criação da Associação Protetora da Infância Desamparada. Depois, no período da República, criam-se as primeiras instituições, chegando a contar ao menos 15 creches, em 1921, e 47, em 1924, distribuídas por várias capitais e algumas cidades do país.

No Brasil, vive-se nesse período o deslocamento da influência européia para os EUA, fenômeno que encontra expressão marcante na criação do Dia da Criança, no 3° Congresso Americano da Criança, realizado no Rio de Janeiro em 1922, juntamente com o 1° Congresso Brasileiro de Proteção à Infância. Associava-se a data da descoberta do Novo Mundo com a infância, que deveria ser educada segundo o espírito americano.

A educação assistencialista promovia uma pedagogia da submissão, que pretendia preparar os pobres para aceitar a exploração social. O Estado não deveria gerir diretamente as instituições, repassando recursos para as entidades.

Nas décadas de 1970, as instituições de educação infantil viveram um lento processo de expansão, parte ligada aos sistemas de educação, atendendo crianças de 4 a 6 anos, e parte vinculada aos órgãos de saúde e de assistência, com um contato indireto com a área educacional.

No estado de São Paulo, desde dezembro de 1920, a legislação previa a instalação de Escolas Maternais, com a finalidade de prestar cuidados aos filhos de operários, preferencialmente junto às fábricas que oferecessem locais e alimento para as crianças.

No nível federal, a Inspetoria de Higiene Infantil, criada em dezembro de 1923, é substituída em 1934 pela Diretoria de Proteção à Maternidade e à Infância, criada na Conferência Nacional de Proteção à Infância, em 1933.

Em 1940, cria-se o Departamento Nacional da Criança (DNCr), em todas essas fases dirigido por Olinto de Oliveira. Entre outras atividades o DNCr encarregou-se de estabelecer normas para o funcionamento das creches, promovendo a publicação de livros e artigos.

Em Porto Alegre, na década de 1940 há a criação dos jardins-de-infância, inspirados em Froebel e localizados em praças públicas, para atendimento de crianças de 4 a 6 anos, em meio turno.

Em 1942, o DNCr projeta uma instituição que reuniria todos os estabelecimentos em um só: a Casa da Criança. Em um grande prédio seriam agrupados a creche, a escola maternal, o jardim-de-infância, a escola primária, o parque infantil, o posto de puericultura e, possivelmente, um abrigo provisório para menores abandonados, além de um clube agrícola, para o ensino do uso da terra.


Em 1967, o Plano de Assistência ao Pré-Escolar, do Departamento Nacional da Criança (DNCr) indica as igrejas de diferentes denominações para a implantação dos Centros de Recreação, propostos como programa de emergência para atender as crianças de 2 a 6 anos.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) promoveu, em 1965, a Conferência Latino-Americana sobre a Infância e a Juventude no Desenvolvimento Nacional. O Ministério da Educação passa a se ocupar da educação pré-escolar, que se torna ponto de destaque no II e no III Plano Setoriais de Educação e Cultura (PSEC)

A ampliação do trabalho feminino nos setores médios leva também a classe média a procurar instituições educacionais para seus filhos; o programa dos Centros de Convivência Infantil, para atender os filhos de servidores públicos no estado de São Paulo, em várias secretarias; a conquista de creches em universidades públicas; a reivindicação em alguns sindicatos operários e do setor de serviços, como bancários, jornalistas, professores, foram alguns exemplos do reconhecimento das instituições de educação infantil.

Na década de 1990, aparecem formulações sobre a educação infantil que passam a enfatizar a inseparabilidade dos aspectos do cuidado e da educação da criança pequena.

Na Conferência Nacional de Proteção à Infância, realizada no Rio de Janeiro em 1933, Anísio Teixeira enfatizou a importância de a criança pré-escolar ser vista não apenas sob o ângulo da saúde física, pois seu crescimento, seu desenvolvimento e a formação de seus hábitos envolveriam “facetas pedagógicas como habilidades mentais, socialização e importância dos brinquedos.

Em 1957, o Colégio Bennett, elabora uma Escala do Desenvolvimento Físico, Psicológico e Social da Criança Brasileira, inspirada em estudo da professora Helena Antipoff, realizado na Sociedade Pestalozzi, em Belo Horizonte, em 1939, onde descreve comportamentos esperados mês a mês, desde o nascimento aos 8 meses, depois por períodos cada vez mais espaçados, até os 9 anos de idade.

A recreação, marca da trajetória dos parques infantis no município paulistano, foi utilizada para nomear a proposta dos Centros de Recreação, difundida a partir do Plano de Assistência ao Pré-Escolar, do Departamento Nacional da Criança, em 1967. O plano lançava o modelo das instituições de educação infantil de baixo custo, que irão se difundir a partir da década de 1970.

Como podemos observar na história da educação infantil brasileira a compreensão histórica das concepções de infância em nosso país. É um processo que ainda está em construção e que acontece vagarosamente de acordo com os interesses da sociedade e do governo. Muito ainda precisa ocorrer, e essas mudanças devem começar a partir dos próprios educadores que trabalham com esse público alvo. Reconhecer e analisar as transformações que precisam ocorrer é um bom começo com atitudes críticas e reflexivas.

Um comentário:

  1. Estou no segundo período de pedagogia pela Unirio,estudo no polo do cederj de São Fidélis, foi muito bom ler o seu blog,ajudou a clarear umas dúvidas.
    Continue postando.

    Obrigada,

    Bjs,
    Claudia

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